DESERTIFICAÇÃO

Seca, Desertização e Desertificação são fenômenos distintos

Zonas secas são áreas onde o volume anual de água perdida pela evaporação é maior que a quantidade de água recebida pela chuva. Dividindo o total das precipitações pelo volume de água evaporada, obtém-se, portanto, um valor sempre menor que 1,0 – índice de aridez.
 
Desertização é o processo natural de formação de desertos. Trata-se de fenômeno muito lento, independente de qualquer ação humana, através do qual o índice de aridez tende a se aproximar de zero.
 
Desertificação, por sua vez, é um processo de degradação da capacidade produtiva da terra causado por ação do homem. Uma zona desertificada deixa de ser produtiva; mesmo que possível, sua recuperação muitas vezes tem um custo proibitivo.

(MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo – SP, Editora Ática, 200, p.458)

Resultado da degradação ambiental

Desertificação é o processo de "degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas, resultante de diferentes fatores, entre eles as variações climáticas, e as atividades humanas". O termo surgiu no fim dos anos 40 para identificar áreas que estavam ficando parecidas com desertos ou aquelas em que os desertos aparentavam estar expandindo-se.

Esses locais são caracterizados pela escassez de chuva. As precipitações anuais variam entre 250 a 800 mmm/ano, geralmente concentradas em três ou quatro meses, alternadas com prolongados períodos de seca. Cerca de 1 bilhão de pessoas (um sexto da população mundial) mora em terras secas, que ocupam 37% da superfície terrestre. Nessas áreas, está também a maior concentração de pobreza.

Mais vulneráveis à erosão, essas zonas têm passado por processos de degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e da biodiversidade, somados à redução da qualidade de vida da população. Em grande parte, por conta da exploração desordenada dos recursos, com o objetivo de produzir mais para o atender ao mercado. Por ser um problema global, a desertificação chamou a atenção da comunidade internacional que, por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), vem buscando saída para a questão e criando espaços para a discussão sobre o tema desde a década de 70.

No Brasil, 980 mil quilômetros estão sujeitos à desertificação. Existem diferentes causas para este fenômeno, quase todas associadas ao manejo inadequado da terra. Desmatamento, queimadas, irrigação mal conduzida, pastoreio excessivo, mineração e cultivo dependentes são algumas das práticas que proporcionam perda de recursos e redução da capacidade produtiva das terras.

Os efeitos da degradação ambiental são maximizados por fatores estruturais, como má distribuição de renda, alta densidade demográfica e incompatibilidade entre atividades econômicas e condições ambientais. Estes agravantes tornam mais difícil o combate à desertificação. No Nordeste, o descuido com a natureza tem criado complicações que já podem ser percebidas: diminuição da disponibilidade de água, assoreamento do Rio São Francisco, exposição excessiva dos solos a insolação por causa do desmatamento, perda da umidade e redução da biodiversidade da Caatinga. Danos de outra ordem, a exemplo da diminuição da atividade agrícola, da circulação de renda e, consequentemente, do aumento dos índices de pobreza não são menos graves e exigem políticas governamentais específicas.